Decorreu hoje no auditório do CNEMA em Santarém o fórum anual da Viniportugal.
Este fórum serviu para que os responsáveis da Viniportugal fizessem um balanço das acções e actividades de 2009 e apresentassem as acções previstas para 2010.
Por isso, hoje interrompemos a série de anúncios de tv de vinhos, para nos manifestarmos sobre o fórum de hoje.
Num país com mais de mil produtores engarrafadores, com uma instituição como é ou pelo menos deveria ser a Viniportugal, foi de notar que os representantes dos produtores que estiveram lá presentes, e sem conseguir precisar com exatidão, me pareceram manifestamente poucos - talvez uma centena ou pouco mais.
Da nova geração de produtores praticamente não havia representantes. Enólogos/produtores nem vê-los. As grandes empresas de referência do sector fizeram-se quase todas representar com, pelo menos, um colaborador.
É com grande preocupação que salientamos estes factos.
A Viniportugal parece fechada em si, a promover e implementar acções - interessantes, diga-se - não em prol do sector, mas apenas de alguns do sector. Não me parece que se possa imputar responsabilidades a apenas uma das partes.
As grandes empresas muito provavelmente não seriam as que mais precisam da Viniportugal, e no entanto, fazem-se sempre representar nestes foruns. Os pequenos, aqueles que mais precisariam da Viniportugal, não aparecem!
O que se viu e ouviu hoje seria, seguramente, mais interessante para os pequenos do que o foi para os grandes. Aquilo que foi visto e dito não foi novidade para os grandes produtores, mas tê-lo-ia sido para os pequenos.
Parece-nos urgente e necessário aproximar as instituições dos produtores, ou os produtores das instituições. A Viniportugal não deverá estar acima dos produtores, mas os produtores não estão seguramente acima da Viniportugal - salvo raras excepções, todos beneficiariam de uma maior ligação. Além disso, a Viniportugal assumiu e assume um papel importantíssimo na promoção dos vinhos aquém e além fronteiras e é preciso que se possa tirar partido disso. Todos.
Do que pudemos ver e ouvir hoje, destaco os seguintes pontos:
- No que toca a vendas em volume e em valor, Portugal não tem representatividade lá fora.
- Nos principais mercados, os vinhos Portugueses não representam mais do que 1% do consumo.
- Portugal continua a ter uma reduzidíssima notoriedade nos mercados externos.
- É tão importante investir na produção, como na promoção.
- É preciso ir aos mercados, estar presente, falar face-to-face com importadores, distribuidores, retalho e consumidores.
- Alguns mercados (como o Alemão) estão abertos a novas experiências de consumo - novas castas, novos estilos. Isso é uma clara oportunidade para Portugal.
Como nota final, penso que a Viniportugal deveria, antes demais, comunicar directamente com os pequenos produtores. Explicar-lhes o que faz e quais os objectivos.
Não vale a pena implementar acções sem que os produtores percebam qual a intenção e qual o partido que poderiam tirar das mesmas.
É chegado o momento de comunicar para o sector, de informar e formar os agentes do sector. Só depois as acções apontadas para os consumidores poderão resultar. De outra forma isto parece a Torre de Babel. Ninguém se entende!