terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Reinvente-se

No negócio de cafés a família Nabeiro é uma referência nacional e sobre eles já tudo terá sido dito.
Um dia, decidiram entrar no negócio dos vinhos, onde inevitavelmente, seriam (e na verdade são) mais um.
Mais um produtor, mais um do Alentejo, mais um com uma adega de design, mais um com paixão, orgulho e, porque não, vaidade.
No entanto, e porque têm capacidade financeira para isso, não são mais um no que toca à inovação.

Primeiro o "7".


No site pode ler-se sobre este vinho:


"Um vinho... não, Uma data única celebra-se com algo especial. No dia 7/7/2007 o mundo conheceu 7 novas maravilhas e Portugal elegeu outras 7. Nesse mesmo dia, às 7 da manhã, 7 pessoas enchiam a primeira de uma série de 2007 garrafas numeradas. Um ano mais tarde a Adega Mayor apresentou a primeira de uma série de edições limitadas.



7 artes, 7 dias da semana, 7 pecados mortais, 7 graus da perfeição, 7 chakras da nossa energia. O 7 é um vinho de autor, quer sob o ponto de vista enológico quer sob o ponto de vista conceptual. Nenhum detalhe ficou de parte: uma imagem e embalagem escultórica que reflecte o modernismo arquitectónico da Adega Mayor e um néctar criado com muita paixão e intensidade. Este vinho nasceu da vontade de criar uma maravilha feita de sol e sentimento. Um vinho convicto da sua força e da sua origem que simboliza a união de todo o mundo em torno de valores humanos."
 
E agora o 8!


E no press-release enviado à imprensa pode ler-se:

"começou por ser desenhado no dia 8/8/2008, quando o mundo assistiu à abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim; Às 8 da manhã em Portugal, 8 pessoas começaram a encher a primeira de 8008 garrafas numeradas, celebrando o espírito da criação"
Numa embalagem de duas garrafas,  produzida em espuma de E.V.A, totalmente feita à mão (!) e com uma forma inspirada no ninho de pássaro - estádio Olíumpico de Pequim.

Para tornar tudo ainda mais emocionante, dizem no site que a primeira (!) garrafa foi aberta na festa de lançamento do vinho, no dia 25 de Novembro no Lux, em Lisboa.

Todo o trabalho criativo deste "8" é da autoria da Ivity Brand Corp.

Quer no "7", quer no "8" a estória nada tem que ver com vinho. Aliás, e provavelmente por coincidência, quando no dia 08/08/2008, a revista Hipersuper, na sua newsletter noticiou o lançamento deste vinho, num aborrecido texto contanvam que "Adega Mayor lançou o Vinho 7. Proveniente das castas Castelão e Trincadeira, apresenta cor granada e teor alcoólico de 14.5% vol.

Com aroma de ameixa em compota, groselha e especiaria, e fina e elegante tosta de madeira, na boca, surge fresco e estruturado, com final longo e perfumado."

Olhando para a estória criada e torno deste vinho, alguém quer saber as castas ou a cor, ou o álcool?
Alguém que saber a que é que cheira ou sabe?

Cheira a vinho, sabe a vinho, não sei se seria melhor se tivesse Cabernet e Merlot, nem se tivesse mais ou menos álcool! O que eu sei é que é uma estória do caraças e só por isso, quem ler a estória, vai querer ter uma garrafa. Aliás, no caso do vinho "8" vai ter logo que comprar duas!

Alguém acredita nestas estórias? Que é que isso interessa? Ninguém vai procurar saber a veracidade delas, porque como diria o presidente da Ivity Brand Corp, "são fixes!!!" E o consumidor quer coisas fixes!

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